sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A ARTE DE ESCREVER SEM TRAUMAS



CURSO LIVRE DE REDAÇÃO
1. INTRODUÇÃO

Aquele papel em branco! Quem nunca sofreu na hora de começar um texto? Ali, na última hora, dá vontade de fazer qualquer outra coisa, menos alinhavar a primeira frase. Não interessa se a pessoa é jornalista, aluno ou professor. Escrever é mesmo uma guerra. Pode ser a reportagem de capa da revista, uma carta para a namorada, a redação do vestibular, a prova de História ou Português ou a repetitiva redação Minhas Férias. Qualquer coisa que se coloque no papel exige mais do que inspiração. Para vencer batalhas é necessário escolher as armas certas.

Mas talvez o mais sério obstáculo que as pessoas enfrentem seja o peso dos fracassos acumulados ao longo da vida escolar, a perda do poder da auto-estima. O que se pode fazer é organizar, hoje, trabalhos de escrita que tenham grandes chances de resultar em textos de boa qualidade. Isso, aos poucos, vai restituindo a auto-estima.

Um tipo de trabalho que em geral os alunos resolvem facilmente e com resultados de qualidade bastante razoável é feito com poemas que usam refrão. Inicialmente neste método, A Arte de Escrever sem Traumas!, irá se escolher um poema e lê-lo várias vezes. Depois, irá se pensar sobre os efeitos obtidos pelo poeta com o uso que ele faz da linguagem. Por fim, é hora de se produzir textos. A idéia é produzir-se novos poemas a partir do refrão.

Uma sugestão é o poema Às Vezes de Noite, de Sérgio Caparelli, que faz parte do livro Restos de Arco-Íris (Editora L & PM). Veja:

Às vezes de noite,

acordo com muito medo

de alguém roubar os meus segredos,

às vezes, de noite.

Às vezes, de noite,

adormeço e no lume da vela

estou desperta e mais velha,

às vezes, de noite.

Às vezes, de noite,

no meu sonho corre um rio

que me faz tremer de frio,

às vezes, de noite.

Às vezes, de noite,

me digo que sou boa, que sou meiga

e que sou bela.

E cresci. E estou cega.

Às vezes, de noite.


1.1 Escrever: um processo dialético

São muitas as idéias que permeiam nosso pensamento. Segundo Ide (1995), tudo o que é lido, visto e ouvido faz parte de um repertório pessoal. Há um conhecimento pré-existente acerca dos fatos históricos, culturais e científicos em nossa cultura ocidental aceitos como verdadeiros. O tempo todo confrontamos o que já conhecemos com a novidade.

Aceitar ou não é uma questão de juízo de valores. Todo juízo de valor implica em outro que o questiona ou contradiz. Esse processo do pensamento em se questionar e contradizer chama-se dialético. É uma oportunidade de observar a realidade sob vários pontos de vista. Há três momentos no processo dialético do pensamento:

TESE ANTÍTESE SÍNTESE

Idéia inicial Idéia contrária União dos opostos

1.2 Estrutura Básica


A estrutura básica de um texto corresponde aos três momentos do raciocínio dialético, explica Messerani (1986). A princípio, temos a introdução, ou seja, a descrição do tema ou idéia inicial. Em seguida, o desenvolvimento, o questionamento em relação à idéia inicial. Finalmente, a conclusão, ou seja, a união dos argumentos mais contundentes de cada idéia.

 As três partes que estruturam o texto também podem ser denominadas: prólogo, corpo e epílogo; começo, meio e fim; introdução, miolo e final; primeira, segunda e terceira parte. O mais importante é compreender que um bom texto depende de uma boa estrutura.


EXERCÍCIOS: AULA 1

O primeiro exercício será criar um novo poema a partir do mote “às vezes, de noite”.

EXTRACLASSE

Pesquise uma notícia recente de jornal. Abstraia do texto a idéia principal e a idéia oposta. Reescreva o texto com suas palavras e adicione a conclusão.



CURSO LIVRE DE REDAÇÃO

I.3 Delimitação do Tema



O texto bem redigido certamente faz a pessoa pensar sobre o assunto. Portanto, clareza e objetividade acerca do tema escolhido são fundamentais. As dificuldades iniciais para escrever o texto podem estar justamente na delimitação do tema. Às vezes, o tema escolhido pode ser amplo demais e uma delimitação se faz necessária afim de evitar divagações. A delimitação da idéia central a ser desenvolvida encontra-se geralmente na introdução.



Ela pode ser explícita, quando o autor se faz presente no texto. Ex: "O que pretendo com esse trabalho é tecer algumas considerações...". A delimitação pode estar implícita, quando o autor não se faz presente, mas o leitor pode deduzir que o assunto está sendo delimitado. Ex: "Esta obra visa ensinar à todos que queiram aprender a redigir corretamente um texto...".



Delimitado o tema, a introdução deve ser sucinta, apenas citando o argumento inicial. Não deve ultrapassar oito ou dez linhas, ou seja, um quinto do texto. Exceto em um ensaio curto (10, 15 linhas), cuja a introdução pode se fundir com o desenvolvimento. Os demais argumentos -- os dados, as idéias, o questionamento -- entram no desenvolvimento do texto.

Este é maior, ocupando três quintos do texto no mínimo. Aqui, tem-se a oportunidade de se mostrar a capacidade de argumentação e exposição de idéias.

O tema será desenvolvido como uma ponte que levará o leitor da introdução à conclusão. Esta última pode ter mais ou menos, segundo Messerani , um quinto do texto e encerrar a discussão. A não ser quando, propositalmente, o autor queira deixar a conclusão para o próprio leitor. O quadro a seguir deve servir como uma espécie de guia.

O planejamento de um texto é muito importante para seu sucesso. Não há como começar a escrever sem ter em mente o tema delimitado, a introdução, o desenvolvimento e, principalmente, a conclusão.


I.4 Estruturas do Texto

“Tenho boas idéias, mas não consigo passar para o papel”. Essa frase é comumente dita em uma aula de redação. O que ela pode indicar é a falta de domínio das estruturas do texto ou a falta de clareza no conteúdo. Por isso, é tão importante planejar o texto antes de começar a redigi-lo.

Para tanto, só é preciso um lápis e um papel para rascunhar. Um bom plano deverá prever as partes do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão. As idéias principais de cada bloco e os questionamentos possíveis de cada idéia. Cada pessoa deve valorizar o seu próprio estilo de planejar o texto, mas, para quem está começando, pode-se seguir este modelo:

I- Introdução

1- Idéia central da introdução

a- Primeira idéia do texto

b- Segunda idéia do primeiro parágrafo

c- Terceira idéia do primeiro parágrafo...

(e assim por diante)

II- Desenvolvimento

1.Idéia-síntese dos próximos três parágrafos. A- Idéia central do primeiro parágrafo do desenvolvimento.

a- Primeira idéia do primeiro parágrafo do desenvolvimento

b- Segunda idéia do primeiro parágrafo do desenvolvimento

B- Idéia central do segundo parágrafo do desenvolvimento

(e assim por diante)

Faça o mesmo processo para a

III- Conclusão

A princípio, pode parecer mais complicado escrever o plano do que propriamente o texto, mas com a prática ganha-se agilidade para fazê-lo. As idéias ficarão mais claras. Grande parte dos erros que se pode cometer ao redigir o texto são barrados após o planejamento da redação.

I.5 Linguagem

Assim como o texto, a linguagem que se utiliza para abordar o assunto também possui suas variantes. A princípio, pode-se escolher entre a linguagem formal e a linguagem coloquial. Esta é mais corriqueira, está presente nos diálogos entre as pessoas, está nos jornais populares e assim sucessivamente. Aquela utiliza a forma mais correta da língua portuguesa. Ela está nos livros acadêmicos, nos discursos científicos.

Por exemplo: "Me ensinaram a escrever corretamente". Quando estamos conversando com alguém, normalmente nos expressamos dessa forma. Os pronomes átonos, como "me", costumam iniciar a frase. Formalmente, estaria incorreto começar uma frase assim. Essa explicação serve para fazer-nos entender porque é melhor optar por usar a gramática correta da língua ao escrever.

Alguns estudiosos da Língua Portuguesa, como o professor Pasquale , já admitem um terceiro recurso de estilo. A linguagem estaria no meio termo, entre o formal e o coloquial. Nos grandes jornais, de circulação nacional, é possível verificar tal estilo intermediário. Essa linguagem intermediária não é tão prosaica como a coloquial, mas também não esbanja vocabulários difíceis como a formal.

O importante mesmo é o aluno ter sempre em mente que o bom senso deve prevalecer. Outro ponto fundamental é dialogar sempre com o leitor e, para tanto, verificar quem ele é antes de determinar qual recurso de estilo usar.

EXERCÍCIOS: EXTRACLASSE

A partir do tema “A QUEM INTERESSA A GUERRA EUA X IRAQUE, CONSTRUA INICIALMENTE UM PLANEJAMENTO DE TEXTO. A SEGUIR, ELABORE A REDAÇÃO.





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