terça-feira, 6 de novembro de 2012

TRANSIÇÃO DA IDADE MEDIA PARA A MODERNA

                Na Idade Média, o sistema feudal, que tem como característica principal às relações servis de produção, dominou toda a Europa por mais de 10 séculos. Nesse sistema a economia era auto-suficiente, ´´Cada feudo produzia tudo o que era necessário para o consumo de seus habitantes, tanto no que se refere aos produtos agrícolas como aos artesanais(...)``. A sociedade  era, imóvel, polarizada entre senhores e servos. ´´Deus quis que, entre os homens, uns fossem senhores e outros servos, de tal maneira que os senhores estejam obrigados a venerar e amar a Deus, e que os servos estejam obrigados a amar e venerar o seu senhor(...).``O poder político descentralizado e a cultura religiosa são decorrências da própria estrutura de produção. Por  ser uma sociedade estamental, isto acabou por levá-la a destruição a partir das fugas dos servos e do nascimento de uma estrutura pré-capitalista. Claro que não podemos deixar de citar o crescimento demográfico, o avanço das técnicas agrícolas,  a ampliação das áreas agricultáveis, a crise agrícola do século XIV, as epidemias, as revoltas camponesas do século XIV. É por volta do século Xll que o Capitalismo começa a surgir. Nele o trabalho passa ser assalariado e não mais servil como o feudalismo. O capitalismo nasce da crise do sistema feudal e cresce com o desenvolvimento comercial, depois das Primeiras Cruzadas. Foi formando-se aos poucos durante o período final da idade média, para finalmente dominar toda a Europa ocidental a partir do séc XVl.
               A Baixa Idade Média é caracterizada por um conjunto de transformações socioeconômicas e conseqüentemente políticas, culturais e religiosas. Essas transformações, iniciadas a partir do século XI, refletem uma adaptação da elite às novas condições de vida na Europa e, portanto, uma tentativa de preservar seus privilégios. A nobreza feudal, durante os séculos seguintes, manteve a cobrança de tributos sobre os mercadores que passaram a transitar por suas terras e, assim, preservou seus Exércitos, sua moeda e suas leis. Também houve um aumento de artigos luxuosos provenientes do Oriente e, para isso, eliminou gradualmente as relações servis de produção, desobrigando-se de ceder terras a um número cada vez maior de servos ao mesmo tempo em que criava um excedente de trabalhadores e transformava obrigações costumeiras em monetárias. O quadro econômico europeu altera-se profundamente com o término das Cruzadas no século XIII, o que provocou a reabertura do mar Mediterrâneo e o Renascimento Urbano e Comercial. O comercio desenvolvido nesse período era dominado por importantes cidades portuárias italianas, destacando-se Gênova e Veneza, que controlavam a ligação da Europa ocidental com os principais centros comerciais do Oriente Próximo. Durante o século XIV, uma grave crise veio a fazer com que a estrutura do feudalismo viesse a sofrer o mais duro golpe. Como a  Guerra dos 100 Anos, associada à peste negra e à fome, afetou não apenas a economia feudal, já decadente, mas também o dinâmico comércio mediterrâneo. O sistema feudal entrou em crise e surgiram os elementos pré-capitalistas. O desenvolvimento do comércio, das cidades e o surgimento de uma nova classe social foram os elementos que determinaram a ruína dos senhores feudais, pressionados por novos interesses econômicos e políticos. A reabertura do Mediterrâneo ao comércio cristão, intensificando as relações entre o Ocidente e o Oriente, estimulou o desenvolvimento das atividades urbanas em detrimento da produção agrária. Assim acabou por fortalecer a camada burguesa que, aliada aos reis, se confrontou com os interesses da nobreza. O rei, com o apoio da burguesia fortaleceu sua autoridade e centralizou o poder, substituindo o poder local pelo poder nacional. Nessa época, entre os séculos XV e XVI, o Velho Mundo passou por grandes transformações com a ascensão da burguesia mercantil, à formação das Monarquias Nacionais, à afirmação da cultura renascentista e à ruptura da unidade cristã na Europa ocidental em decorrência da Reforma Protestante. No século XV, há a necessidade de novos mercados para o comércio europeu. Nesse sentido, a expansão Marítima poderia reativar o comércio da Europa ocidental com o Oriente, quebrando o monopólio italiano nessa região, além de poder representar um afluxo de metais preciosos, obtidos através do comércio ou da exploração de jazidas descobertas. Na esfera social, destaca-se a projeção da burguesia, que desenvolveu-se enquanto classe, com o próprio crescimento do comércio monetário. Numa economia que tendia cada vez mais para o caráter comercial e urbano, era importante a padronização monetária, como também a centralização da defesa militar e da criação de leis nacionais. Para burguesia, este Estado com poder centralizado era de fundamental importância, tanto no estabelecimento do protecionismo alfandegário, como para conquistar militarmente outros mercados. Já para os soberanos, era importante estar ao lado da burguesia, pois esta representava a iniciativa privada para o comércio, que ampliado, proporcionaria uma maior arrecadação de impostos e o conseqüente fortalecimento do poder real.
                  Na transição para o capitalismo surge um novo homem. O homem dos centros urbanos, mais crítico e sensível, representando uma visão antropocêntrica e racionalista, resgatada da antiguidade greco-romana, que se chocava com a postura teocêntrica e dogmática, definida pelo poder clerical na Idade Média. O berço do Renascimento foram às cidades italianas que viviam do comércio, como Veneza, Pisa, Gênova e, principalmente, Florença. Essas cidades italianas mantiveram um contato constante com Bizâncio (Constantinopla), permitindo que os sábios bizantinos, que tiveram de fugir de sua terra por causa das brigas religiosas que marcaram aquela sociedade, se mudassem para a Península Itálica e fossem responsáveis, em grande parte, pelas mudanças culturais. O Renascimento Cultural e Científico baseado nos ideais filosóficos do humanismo, marcou a cultura européia entre os séculos XIV e XVI trazendo personalidades geniais e revolucionárias em todas as esferas do conhecimento e das artes, como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Galileu Galilei, Erasmo de Roterdã e William Shakespeare, entre outros. Promoveu também, considerados avanços técnicos no aprimoramento da construção naval, além do desenvolvimento da Cartografia, Geografia, Física e Astronomia. O Renascimento, contudo, não deve ser concebido como um reflexo da sociedade, nem mesmo das regiões onde mais se desenvolveu...Por mais que se tenha desenvolvido as idéias, a cultuar, a tecnologia, a Era Moderna ainda se caracterizaria pela predominância das intolerâncias, as perseguições inquisitoriais e os medos em geral. No campo religioso, esse momento de transição conhecerá uma grande e importante cisão no cristianismo ocidental, com a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero na Alemanha em 1517. A burguesia em ascensão necessitava de uma moral cristã que ao invés de condenar, estimulasse o acúmulo de capital. A Igreja Católica condenava a usura que é a cobrança de juros, uma pratica pecaminosa. A burguesia representava o novo, o capitalismo nascente, enquanto que a Igreja tentava inutilmente se agarrar no feudalismo decadente. O protestantismo difundiu-se muito no norte da Europa, principalmente em sua versão calvinista. Para esta, Deus atribuiu a cada um uma vocação particular, cujo objetivo era a glorificação. Assim, o pagamento de juros, o comércio, os bancos, o artesanato, seriam tão naturais para Deus como o aluguel de uma propriedade ou o salário de um trabalhador. Calvino afirmava: "O trabalhador é o mais que se assemelha a Deus... Um homem que não quer trabalhar não deve comer... O pobre é suspeito de preguiça, o que constitui uma injúria a Deus". Desta maneira, Calvino justificava plenamente o acúmulo de capital burguês. Esta ética mais liberal, adequada ao capitalismo e aos interesses da burguesia expandiu-se principalmente para regiões do norte Europeu, onde o comércio era mais desenvolvido.
         Como vimos, na transição da Idade Média para a Idade Moderna, vários foram os fatores que contribuíram para a ascensão do capitalismo e da nova mentalidade européia. O crescimento comercial, a peste negra, a fome, as guerras, os Estados Nacionais, as monarquias, a Reforma Protestante, o Renascimento foram fatores que vieram consolidar esta transição. Claro que a mudança não aconteceu da noite para o dia, mas levou vários séculos, e se analisarmos bem a mudança, ela é gradual. A mente do homem feudal era presa à religião católica que dominava toda a Idade Média. Os conflitos não foram apenas externos, mas principalmente internos. O homem precisava se questionar e também os valores, e o Humanismo veio mudar esta mentalidade Têocentrica pregada pela igreja para um Antropocentrismo, o homem dono da sua própria vida. O homem como centro do mundo.

Bibliografia

Antonetti, Guy. A Economia Medieval. São Paulo, Atlas, 1977, p. 87.

ST. LAUD DE ANGERS citado em FREITAS, Gustavo de. 900 Textos e Documentos de História. 2ª  ed., Lisboa, Plátano Editora, 1977, vol. I p. 45.



PETTA, Nicola Luiza de História - Uma Abordagem Integrada. 1ª Edição. São Paulo. Moderna. 1999

FERRAZ, Francisco César Alves.Historia Moderna I. Londrina: Editora CDI HISTORIA MODULO 3 2008 Pág.137-178.

2 comentários:

Roberta Barcellos disse...

Oi Leonardo! Obrigada pelo resumo. Foi de grande ajuda =]
Abç

Unknown disse...

Muito bom conteúdo parabéns Leo mim ajudou muito .

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