domingo, 30 de agosto de 2009

Leonardo Cleber da Silva

O respeito às diferenças

Apesar de estarmos no século XXI, o ser humano ainda hoje se vê na condição de preconceituoso. O preconceito é uma forma de não aceitar o outro, o diferente. É o que vemos nas tribos indígenas e em muitas outras sociedades que tem seu código de ética baseado na moral religiosa e cultural, no caso do índio, o mesmo desde criança é criado para ser o guerreiro, e a masculinidade é fundamental para se desenvolver. Pois só os fortes e corajosos podem sê-lo. Neste ambiente não sobra espaço para o homossexualismo, pois o mesmo é descriminado em toda a sociedade. A homossexualidade é tão antiga quanto à humanidade e, no mundo indígena, não é diferente. Os homossexuais atualmente fazem parte de um fenômeno mundial. Ela tem se tornado um fenômeno mais explícito. Com relação ao preconceito enfrentado pelos indígenas, a discriminação hoje pode ser maior do que a enfrentada anteriormente, devido à maior aproximação dos índios com a moral ocidental-cristã.

Em nossa cultura ocidental a referência religiosa acabou por marcar fortemente aquilo que seria "normal" em termos de prática sexual, estudos sócio-antropológicos são ricos em exemplos que mostram como outras culturas têm concepções diferentes da sexualidade. À parte os conhecidos exemplos da Antiguidade Clássica temos outros povos, como certas nações indígenas do Brasil, onde a prática de "fazer cunin", fazer sexo, é muito comum e explícita principalmente entre os solteiros.

Mas toda escolha tem seu preço a pagar, e assumindo sua opção sexual os índios ticunas estão dando o seu primeiro passo rumo ao respeito que suas tribos deve a eles. Pois toda forma de preconceito deve ser banida, não digo aqui passar por cima de sua cultura ou de suas normas, mas do respeito que todo ser humano tem que ter com o outro. O preconceito não é próprio das tribos como é o caso do preconceito que o índio ticuna Clarício Manoel Batista de 32 anos sofre: ´´Alguns me discriminam - indígenas daqui, não-indigenas também. Fico calado, não falo nada. Eu não ligo pra eles. `` Podemos notar aqui o preconceito de pessoas da tribo e de pessoas que não pertence a tribo. E aqui poderia entrar o multiculturalismo de cunho conservador, que busca a conciliação das diferenças com base no mito da harmonia. Esta construção ideológica nega que as relações entre as comunidades pós-modernas são marcadas por antagonismos e conflitos, reiterando os estereótipos e estigmas que recaem sobre as chamadas "minorias" (que as vezes tornam-se maiorias), e coloca-nos frente a uma concepção estática de cultura. O multiculturalismo encoraja o crescimento da tolerância, mas, tolerar, não significa acolher, não significa envolvimento ativo com o Outro. Tolerância, é reconhecimento simplificado do Outro, é reforço do sentimento de superioridade; significa suportar a existência do Outro e de seu pensamento. Tanto o heterossexualismo quanto o homossexualismo são posições que o sujeito alcança dentro da particularidade de sua história: as duas formas de manifestação da sexualidade são igualmente legítimas. Tratar o homossexualismo como perversão, depravação, pecado e outros tantos adjetivos é uma visão reducionista e preconceituosa, que acaba por deixar de fora o debate das verdadeiras questões éticas.

Podemos concluir que o preconceito ainda esta arraigado na mente do ser humano, pois o mesmo não se abriu para as diferenças, para o respeito mutuo. O respeito pelo Outro, não admite força, violência ou dominação; admite sim o diálogo, o reconhecimento e a negociação das diferenças. E isto nós iremos conseguir um dia, pois estamos lutando para isto. Conscientização é fundamental para esta evolução. O preconceito não esta restrito apenas as tribos indígenas, mas a todo ser humano que resolver a ir contra o sistema, contra a moral.

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