quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A REVOLUÇÃO COMEÇA EM NÓS


Ernesto Che Guevara

Sinos tocavam, centenas de milhares de pessoas saíam às ruas e se abraçavam em incontida alegria. Desse modo, na madrugada do dia 1° de janeiro de 1959, Camilo Cienfuegos, Raúl Castro, Fidel Castro e Ernesto Guevara foram recepcionados pelos cubanos ao tomarem o poder através da Revolução. Cuba entrava numa nova era e Che participaria da mesma de forma crucial. Mais tarde, tomado pelo espírito revolucionário, deixa Cuba e se engaja na luta contra a opressão em outros países oprimidos. Tornou-se assim um símbolo de um novo tipo de revolucionário.

A infância

Ernesto Guevara nasceu em Rosário, Argentina, em 14 de junho de 1928, em uma família de classe média alta, porém sem fortuna. Teve quatro irmãos. Sua mãe, Celia de la Serna y Llosa, descendia do último vice-rei do Peru e seu pai, Ernesto Guevara Lynch, era arquiteto, engenheiro civil e um militante político. Participou de campanhas para brecar a propaganda nazista na América durante a Segunda Grande Guerra, fez parte da oposição a Juan Perón na Argentina e apoiou a resistência republicana na Guerra Civil Espanhola. Aos dois anos de idade Che Guevara começou a sentir os primeiros sintomas da asma que o atormentaria para o resto de sua vida. Sofrendo violentíssimas crises asmáticas era obrigado a permanecer longos períodos longe da escola estudando com os pais. Em certas noites, Guevara Lynch dormia sentado na cama do filho, com a cabeça do filho apoiado em seu peito para ajudá-lo a suportar os ataques de asma. Aos 12 anos mudou-se para Córdoba, segunda maior cidade argentina, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se importava e fez várias amizades com os favelados. A biblioteca da família reunia cerca de 3000 livros, e Che começou a interessar-se por poesia, filosofia, arqueologia e história. Em sua vida pode-se notar uma maior influência do lado materno.

A peregrinação eo interesse pela causa

Cinco anos mais tarde mudou-se novamente, agora para Buenos Aires. Havia decidido estudar medicina, mas amava viagens e aventuras. Finalmente em 1949, ao lado de seu amigo Alberto Granado, aventurou-se em uma longa viagem de bicicleta pela América Latina para conhecer seus habitantes e suas condições de vida, história e geografia. Sua bicicleta motorizada logo deu sinais de cansaço e estragou; porém o sonho não teve fim. No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no tratamento da doença. Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor.Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o exército, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário. Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inapto e dispensado.

Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raúl Castro no México. Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou inconformado com a facilidade estadunidense de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos.A partir desse momento que se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo. Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para o México. Alguns relatos dizem que corria risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao Méxica já estava planejada. Lá lecionava em uma universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Ñico Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953. Eles se tornaram "instantaneamente" amigos e depois Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho, Fidel. Do mesmo modo, foi amizade à primeira vista. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba. Che relata essa noite:

"CONHECIO-O (FIDEL) NUMA DAQUELAS NOITES MEXICANAS FRIAS, E LEMBRO QUE NOSSA PRIMEIRA DISCUSSÃO FOI SOBRE POLÍTICA MUNDIAL. POUCAS HORAS DEPOIS - DE MADRUGADA -, EU JÁ ERA UM DOS FUTUROS EXPEDICIONÁRIOS. NA REALIDADE, DEPOIS DA EXPERIÊNCIA VIVIDA EM MINHAS CAMINHADAS POR TODA A AMÉRICA LATINA E DO ARREMATE NA GUATEMALA, NÃO ERA DIFÍCIL INCITAR-ME A PARTICIPAR DE QUALQUER REVOLUÇÃO CONTRA UM TIRANO, MAS FIDEL IMPRESSIONOU-ME COMO UM HOMEM EXTRAORDINÁRIO. AS COISAS MAIS IMPOSSÍVEIS ELE ENCARAVA E SORRIA [...] PARTILHEI DO SEU OTIMISMO. ERA HORA DE FAZER, DE COMBATER, DE PLANEJAR. DE DEIXAR DE CHORAR PARA COMEÇAR A LUTAR"

A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilha e operações de fuga e ataque. Mais tarde, Che lembrou esse período:

"MINHA IMEDIATA IMPRESSÃO AO OUVIR A PRIMEIRA LIÇÃO FOI A DA POSSIBILIDADE DE VITÓRIA, DA QUAL EU TINHA MUITAS DÚVIDAS QUANDO ME JUNTEI AO COMANDANTE REBELDE (CASTRO). eU ESTAVA LIGADO A ELE SOBRETUDO PELOS LAÇOS DA AVENTUROSA E ROMÊNTICA SIMPATIA, E PELA CONVICÇÃO DE QUE VALIA A PENA MORRER EM UMA PRAIA ESTRANGEIRA POR PURO IDEAL"

Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários partiram para mudar a história cubana.

Surge o guerrilheiro

Chegando em Cuba enfrentaram forte ataque do ditador Fulgêncio Batista e sofreram várias baixas. Os que sobreviveram se dispersaram, passaram dias perambulando pela mata, enfrentando doenças, fome e iludindo tropas do governo que os perseguiam. Durante esses dias o então médico do grupo de guerrilheiros fez a crucial escolha que mudaria a história. Sendo atacados por aviões, um homem perto de Guevara deixou cair seu carregador de munição. Relata Che: "Foi, talvez, a primeira vez em que fiquei diante do dilema de escolher entre minha devoção à medicina e meu dever como soldado revolucionário. Ali, a meus pés, estavam a sacola cheia de medicamento e uma caixa de munição. Seria impossível carregar as duas, eram demasiadas pesadas. Eu peguei a munição, abandonei os remédios e comecei a atravessar o descampado, tentando chegar ao canavial". Reunidos em Sierra Maestra Cienfuegos, Raúl, Fidel, Che e mais treze guerrilheiros reorganizaram-se e, com o crescente apoio dos camponeses, foram travando e vencendo pequenas batalhas com Fulgêncio. Nesse momento, Guevara já se destacara como um dos mais competentes guerrilheiros e, assim, Fidel concedeu-o o posto que até então só ele possuía, o de comandante. Enfim, em 1959 a Revolução Cubana se concretizava e os guerrilheiros tomavam o poder.

A estratégia política de Che

No novo governo instaurado, Fidel assumiu o cargo de primeiro-ministro e os outros revolucionários, apesar de não terem cargo oficial, eram, juntamente com Fidel, quem detinha o poder. Já versado em Marx e Lênin e defensor dos ideais comunistas, mas não do comunismo ortodoxo ao qual era averso, Che defendia a revolução cubana como o início de um processo revolucionário através da América Latina. Em 1959, Guevara, que já havia recebido de Fidel a cidadania cubana por seus serviços prestado à revolução, redige A Lei da Reforma Agrária, concedendo terra a milhares de camponeses que passavam fome e viviam na miséria. Para aplicar a Lei, criou-se o Instituto Nacional de Reforma Agrária, o INRA. Este logo converteu-se no mais importante organismo do país. Já com Fidel como presidente, Che foi nomeado ministro da Indústria, tornando-se o encarregado da industrialização em Cuba, que já estava adotando o caminho socialista com rapidez.

Os programas propostos por Guevara tiveram grande aceitação popular, pois a vida dos cubanos melhorava muito, e, em novembro de 1959, Che foi nomeado presidente do Banco Central. Negociou a venda do açúcar cubano para a URSS, o que impulsionou a economia cubana, uma vez que os EUA já tinham decidido não mais comprar açúcar cubano em revelia ao comunismo vigente na ilha. Guevara criou o órgão de planejamento central, que controlava a economia cubana e o plano de nacionalizações, que transferiu para o Estado toda a indústria de base pertencente a corporações estrangeiras.
Para ele a revolução deveria ser voltada à mudança da consciência individual e dos valores dos cidadãos, gerando um novo homem, desprovido do egoísmo, individualismo e demais males gerados pelo capitalismo. Com isso, incentivou os cubanos a trabalharem duro, se dedicarem à revolução e a desenvolverem uma nova escala de valores. Na frustrada tentativa norte americana de invadir Cuba e retomar o poder, Che, ao lado de Raúl Castro e Juan Almeida, liderou o exército cubano na defesa da ilha. Foi um sucesso.

Agravada pelo bloqueio imposto pelos EUA e pela hostilidade do sistema financeiro mundial, a diversificação da produção agrícola cubana não apresentava resultados. Guevara até assumiu que havia errado na tentativa de diversificar a prdução agrícola de uma única vez, ao invés de fazê-la gradualmente. No final de 1963, Che começou a atuar na diplomacia e relações internacionais. Visitou inúmeros países, como Egito, Índia, Paquistão, Japçao, China, URSS, em busca de apoio político e econômico. Sacudia o mundo com inflamantes discursos. Provocava a ira da ONU e da OEA ao denunciar as explorações imperialistas. Porém, começou a criticar a URSS, por considerar a mesma incapaz de fornecer ajuda adequada aos movimentos revolucionários. Dizia: "Os países socialistas têm o dever vital de fazer dessas revoltas contra o sistema capitalista um sucesso". Declarações como essas desagradaram alguns dirigentes cubanos que desejavam um estreito relacionamento com Moscou. Quando chegou a Cuba ficou desaparecido 18 meses. Cogitou-se que havia morrido, rumores corriam por todo o mundo. Na verdade, nesse tempo Guevara e Fidel estavam tentando definir qual seria o papel do guerrilheiro dentro da revolução cubana.

A libertação da América Latina

O grande desejo de Che era uma revolução continental, a libertação da América Latina do julgo imperialista, e, mais tarde, a libertação do mundo. Assim sendo empreitou-se em revoluções na Venezuela, Congo e, mais tarde, na Bolívia. Nos dois primeiro não obteve êxito e disse: "Não havia desejo de lutar, os líderes da oposição eram corruptos. Numa palavra, não havia nada a fazer. O elemento humano fracassou". Considerando Cuba como "apenas uma passo em sua luta latino-americano" partiu para a Bolívia.

Muitos diziam que a saída de Che de Cuba fora causada por um desentendimento com Fidel, mas este desabafou: "Ninguém sabe o que eu sentia por ele. A seu próprio pedido, guardei silêncio durante seis meses, e isso foi muito difícil. Havia pessoas que já falavam que eu o tinha matado. No México, quando ele se juntou à expedição do Granma (nome do navio que conduziu os revolucionários do México até Cuba), foi combinado que, uma vez bem sucedida a revolução, iria embora lutar em outras revoluções. Não sei como fui capaz de o manter em Cuba por tanto tempo. Mas eu tinha prometido que poderia partir quando quisesse e que eu não tentaria trazê-lo de volta".

Fidel e Che acreditavam que uma revolução na Bolívia, seria o estopim de revoluções por toda a América Latina. Guevara iria preparar os guerrilheiros e Fidel o ajudaria mandando pessoal, recursos e dinheiro. Fazendo uso de um passaporte falso, Che entrou no país, porém suas complicações começaram quando Mario Monje, presidente do Partido Comunista Boliviano, negou apoio a Che, pois insistia em comandar a revolução. Ganhou a solidariedade de alguns dissidentes, mas eram em pouco número e completamente despreparados. Che começou a treiná-los, mas eram vítimas constantes de moléstias e grandes dissidências. Até mesmo Che sofria graves crises asmáticas. Então, Fidel anunciou que Guevara estava em algum país da América do Sul preparando uma revolução. Regimes direitistas em todo o continente tremeram. Mas, na realidade, Che e alguns poucos homens estavam lutando para sobreviver. Ao contrário de Sierra Maestra quando contavam com o apoio dos camponeses, na Bolívia nem um único camponês aderiu à revolução. Eram índios que falavam pouco espanhol e viam Guevara com estranheza. Os camponeses viam Che e seus seguidores como "estranhos tentando iniciar uma guerra, e não como libertadores do povo oprimido".

Assim sendo, informavam ao exército a localização dos rebeldes. A guerrilha na Bolívia jamais reuniu mais de 47 homens, porém obteve grandes vitórias sobre o exército local. Mas, em 31 de agosto, os bolivianos encontraram e aniquilaram grande parte dos guerrilheiros. Restavam apenas 17. O fim se aproximava.
Em 8 de outubro realizou-se a batalha fina. Os guerrilheiro foram encurralados e Che recebeu vários tiros antes da captura. Sangrando muito, cambaleante, sentou-se no chão com as costas apoiadas na parede, respirando debilmente, quando o chefe da companhia que o capturou, o capitão Gary Prado desferiu uma rajada de metralhadora sobre Che. O golpe de misericórdia foi dado pelo coronel Andrés Selnich. Morria o homem Ernesto Che Guevara. Nascia o mito Che.

Suas idéias inspiraram vários movimentos de esquerda em vários países depois de sua morte. Na França contra o conservador Charles De Gaulle, nos EUA contra a participação norte americana na Guerra do Vietnam, no México quando aconteceram as primeiras manifestações contra o Partido Institucional Revolucionário. Na África, eclodiu a guerra de guerrilha em quase todos os países nos vinte anos seguintes à morte de Guevara. Em todos esses movimentos Che estava presente em bandeiras, faixas, camisas e, principalmente, nas mentes e nos corações dos revolucionários.

"Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira" Ernesto Che Guevara

"Nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também ser privados daquilo que falta às outras crianças" Ernesto Che Guevara

"O individualismo deve ser, no futuro, o completo aproveitamento de todo o indivíduo em benefício da coletividade, mas para mudar de maneira de pensar é necessário sofrer mudanças interiores, e assistir a profundas mudanças exteriores, sobretudo sociais" Ernesto Che Guevara

"Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra" Ernesto Che Guevara

"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade" Ernesto Che Guevara

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A palavra é “legalidade”

Leia o texto abaixo e reflita sobre os acontecimentos... Eles não são exclusivos do Rio, mas de toda a sociedade brasileira... Deixo aqui a minha opinião: Senhores congressistas tenham mais responsabilidade com nosso país, para que cresçamos juntos.

Leonardo Cleber da Silva

A palavra é “legalidade”

Luiz Eduardo Soares - Março 2006

Acredito que haja um denominador comum sob o vasto repertório de problemas, dramas e tragédias que afetam o estado do Rio de Janeiro. Claro que essa reflexão exige que se faça, primeiro, um inventário dos dilemas que nos afligem. Cada leitor terá sua lista de prioridades. A minha é bastante ampla: o desrespeito pelo espaço público, a corrosão dos laços de confiança e das regras de civilidade, a degradação das entidades socioeducativas e do sistema penal, a ocupação desordenada do solo urbano, a devastação do meio ambiente, a corrupção nas instituições públicas, a brutalidade policial, o crescimento tentacular das máfias — no transporte e na saúde —, o tráfico de armas e drogas, a criminalidade e a bala perdida — com seus efeitos sobre a economia, o emprego e a renda —, a violência doméstica contra crianças e mulheres, a agressão perpetrada contra as minorias, o racismo e a homofobia, o genocídio de jovens negros e pobres, o abandono da juventude vulnerável, a tirania a que estão submetidas as comunidades, o descaso com a educação, a selvageria no trânsito, a pobreza da representação política e o esvaziamento de sua legitimidade.

São questões que pertencem a distintas esferas da vida social. Mas um laço as une: cada uma delas corresponde a uma modalidade específica de transgressão à ordem constitucional; todas expressam traições à legalidade. O denominador comum das desventuras é a ilegalidade. A palavra-chave para a sociedade fluminense, pedra-de-toque das mudanças mais urgentes, é uma só: legalidade.

Aqui, é preciso cuidado para evitar mal-entendidos. A legalidade a que me refiro nada tem a ver com a simplificação grosseira daquilo que se convencionou designar pela equação Lei-e-Ordem, cuja tradução realista tem sido violência e discriminação institucionalizadas contra os de baixo, e tolerância indulgente com os de cima. Pelo contrário, legalidade, no Estado Democrático de Direito, regido por uma Constituição republicana, como a brasileira, significa a afirmação normativa e prática de direitos, garantias e liberdades, individuais e coletivas, cujos limites são dados apenas por sua universalidade, isto é, pela eqüidade de sua vigência.

Legalidade nos marcos da democracia resulta de um amplo entendimento político e consagra um pacto social, por natureza flexível e tenso, sob permanente e saudável conflito. Nada menos estático do que a legalidade, no quadro da institucionalidade democrática, ainda que as instituições sejam estáveis. Justamente porque é próprio à democracia fornecer meios legais para a introdução progressiva de mudanças. A democracia, conjugada aos valores da eqüidade e da justiça, tende a estender-se e aprofundar-se com o amadurecimento de seu exercício, ampliando as bases de participação da sociedade e incorporando, aos espaços de produção normativa e realização do poder político, segmentos sociais cada vez mais numerosos e diversificados.

Poder-se-ia pensar que a legalidade estaria condenada a ser uma bandeira que só interessa às elites e às camadas médias. A legalidade interessa a todos os que se importam com o convívio pluralista e republicano, sem dúvida, mas, sobretudo, interessa aos mais pobres. A legalidade é questão de vida e morte para os que são hostilizados diariamente pela brutalidade policial e para os que sofrem o despotismo imposto pelo crime. Para as centenas de milhares de moradores de favelas, a implantação efetiva da legalidade seria a conquista dos benefícios mais elementares, previstos na Constituição Federal, que custaram tanta luta à sociedade brasileira e, hoje, permanecem fora do alcance de tantas comunidades.

Um governo que se norteasse pelo respeito à legalidade teria de realizar uma revolução nos aparelhos coercitivos do Estado e nas instituições públicas, antes de voltar-se para a sociedade, na perspectiva de servi-la, promovendo a cidadania e garantindo a própria legalidade.

Parte do eleitorado dá sinais de que está se deslocando para o voto nulo. O ceticismo é compreensível. A ilegalidade gera expectativas negativas. A política democrática sairá vitoriosa se puder reverter expectativas e introduzir a dinâmica virtuosa que nasce da confiança.

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Luiz Eduardo Soares é cientista político e professor da Universidade Cândido Mendes (Rio).

Fonte: Jornal do Brasil, 12 mar. 2006.

Disponível em: http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=473

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Greve dos Correios em Betim


Em pé: Claudiney Sangue Bom; Pimentel, Romeu, Nathan, Dalton, Vladimir... Agachados: Kelbson Gente Boa, Timotheo, Leonardo e Reginaldo Aparecido em celebre foto na Av. Afonso Pena no dia 03 de Abril de 2008.

O ENCONTRO DO EUROPEU COM O AFRICANO

O ENCONTRO DO EUROPEU COM O AFRICANO

Trabalho apresentado a Unopar por: LEONARDO CLEBER

O homem moderno europeu apesar do seu expansionismo, continuava ignorante acerca de outras civilizações e culturas diferentes. Apesar de não saber reconhecer a contribuição dos povos colonizados ou escravizados; o povo europeu tornou sua cultura, sua crença, universalizada, apesar de nem serem os primeiros do mundo. A Europa não possuía nem uma dessas características. Não era a área mais populosa, nem a mais fértil do mundo. Fragmentada em estados nacionais, precariamente unificadas e em poderes locais em constantes conflitos, seu único ponto em comum era o pertencimento a noção de cristandade.

No período da expansão marítima européia, os portugueses tentavam contornar a costa africana para chegar nas Índias em busca de especiarias. O pioneirismo português, já no final do século XIV, foi resultado de Portugal estar com suas fronteiras estabelecidas e ter um poder estatal em processo de centralização, possibilitando o incentivo, por parte do governo, à expansão ultramarina. Muitas áreas da costa africana foram conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas áreas. Na África existiam muitas tribos primitivas,segundo a visão etnocentrista européia, que viviam em contato com a natureza e não tinham tecnologia avançada. Haviam guerras entre tribos diferentes, a tribo derrotada na guerra se tornava escrava da tribo vencedora.

O encontro do homem europeu com o africano causou muito espanto e admiração em ambos. Do lado europeu este achava que o preto do negro poderia ser lavado e ate o fizeram. Também os europeus notaram que a falta de um sistema de governo tal como conheciam os tornaram sem civilidade, o que justificava a agressão que sofreram durante séculos. Com a colonização da África, os europeus chegaram com suas frotas e seus armamentos. O africano colonizado nunca havia visto nada igual. E o europeu revelou seu lado cruel e com isso surgiram rebeliões, porém não como o europeu conhecia; pois eles próprios acabavam por temer as atitudes dos negros e com isso acabou por separar as tribos capturadas, para que isso não ocorresse. Seus dialetos diferentes dificultavam qualquer forma de motins. Houve toda uma estrutura para o rapto dos africanos e, conseqüentemente, para mantê-los no cativeiro subordinados a vontade de poucos.

A agressividade ao arrancar o africano de sua terra já constituía um trauma irreparável. A viagem por dias ou meses em situação subumana, reduzia sobremaneira a força para uma luta entre iguais. A diáspora africana significou a vinda de milhares de africanos para a América onde foram vendidos como mercadoria sem respeito nenhum aos seus direitos. Desconheceu-se assim o termo humanidade e desrespeitou-se o direito de ser livre, oportunizando um ser subjugar ao outro através de idéias de inferioridade, apenas para garantir a produção de riquezas. Sair de sua terra por livre e espontânea vontade já não é uma das melhores atitudes do ser humano. Ser seqüestrado sem direito ao resgate é um fato que não existe justificativa. Os povos africanos que durante quatrocentos anos foram mercadoria nas mãos dos europeus em sua ganância por riquezas perderam o direito de construir em sua terra natal sua história. Há uma espécie de o bem versus o mal, quando o assunto órbita entre as manifestações religiosas do colonizador e as manifestações religiosas do colonizado. Chega-se a caluniar a fé de herança africana às suas práticas de caráter maligno diluídos em suas manifestações religiosas. É preciso entender que não foi uma cultura africana que atravessou o Atlântico, mas várias. Foram diversos grupos étnicos, misturados pelos portugueses, diversas nações de africanos que vieram traficados para a américa.

O europeu se julgava na frente da evolução, pois possuíam a tecnologia, a própria religião cristã, dava ao europeu o direito de julgar toda e qualquer outra pratica religiosa, mesmo sendo uma expressão cultural. O europeu não respeitou o africano pois há várias formas de religião e de cultura, e são variadas as maneiras de se cultuar as divindades. Características comuns, entretanto, surgem em maior ou menor destaque em praticamente todas as religiões e todas as culturas do mundo. Independente da linha filosófica a qual se norteia à religião, a idéia principal das mesmas é a construção da harmonia entre os seres. Os africanos acreditam que esta harmonia não é apenas entre os seres humanos, mas tudo que faz parte do seu meio, as coisas do céu e da terra. A justificativa da escravidão geralmente se dava no campo da inferioridade, pois os europeus os consideravam povos bárbaros, que não possuíam almas. A própria Igreja chegou autorizar Portugal para escravizar o outro. O europeu retratava o africano como o escuro, o mal, criaturas da sombra. E com isto ate texto bíblico era usado para justificar a escravidão do africano. A narração da Escritura prossegue com as gerações de Cam, Sem e Jafé. Membros da Igreja Católica com apoio da burguesia européia aproveitaram tal relato para justificar a escravidão do negro africano. A ciência também foi usada para reforçar a dominação européia.

Podemos concluir que a expansão marítima européia demonstrou toda uma forma de desrespeito com o povo africano, pois o europeu apesar de se achar no centro do mundo desconhecia como respeitar estes povos e suas culturas, classificando-os, de povos primitivos usando para isso a religião cristã e ate mesmo a ciência para justificar toda forma de preconceito e também a violência praticada contra eles. Com a evangelização dos africanos, os religiosos acabavam por presenciar toda a violência praticada contra o negro e ao retornar a Europa estes acabava por defendê-los contra a escravidão, através de questionamentos como se possuíam almas, se eram animais, se possuíam inteligência, ou seres descendentes de Adão e Eva. Mas estas vozes encontraram grandes barreiras na Europa, pois ninguém queria perder seus escravos. E hoje podemos notar que a busca pela nacionalidade negra, de sua história, deve fazer parte de todos os povos que tiveram e tem a contribuição do povo africano para seu crescimento, muitas vezes sacrificados na escravidão.

BIBLIOGRAFIA

FERRAZ, Francisco César Alves.Historia Moderna I. Londrina: Editora CDI HISTORIA MODULO 3 2008 Pág.137-178.

http://morchericardo.blogspot.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_%C3%81frica

BRANCO, Patrícia Castelo.Historia da Africa. Londrina: Editora CDI HISTORIA MODULO 3 2008 Pág.31-56

http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao21/materia02/

http://www.upis.br/revistamultipla/multipla16.pdf#page=9

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Estudantes protestam na UFMG

Estudantes fazem manifestação na UFMG

Eles protestam contra a entrada da PM no campus na última quinta-feira.
Ação ocorreu durante exibição de um documentário sobre maconha.

Estudantes fazem uma manifestação no campus Pampulha, em Belo Horizonte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG buscar) desde o início da tarde desta segunda-feira (7). Os manifestantes pedem explicações da instituição sobre a entrada da Polícia Militar no campus na última quinta-feira (3) e estão reunidos com o reitor Ronaldo Pena e a vice-reitora Heloísa Starling.De acordo com os estudantes, a PM entrou no campus na última quinta-feira durante a exibição do documentário “Maconha - Grass” no Instituto de Geociências (IGC) da UFMG. "O filme havia sido proibido pela diretora do instituto, mas os alunos organizaram a sessão e passaram o filme. Aí a polícia chegou e fechou o prédio. Um estudante que estava no prédio e nem assistiu ao filme foi impedido de sair e depois de agredido, foi algemado e levado para uma viatura. Outros estudantes também sofreram agressão", conta Marco Túlio de Melo Vieira, 19, membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e aluno do curso de comunicação social da UFMG. Em nota divulgada na sexta-feira (4), a reitora em exercício, Heloísa Starling, lamentou a ocorrência dos fatos e afirmou repudiar qualquer ação de violência praticada e que não autorizou nem a presença nem a ação da Polícia Militar. A nota esclarece, ainda, que serão tomadas providências para apuração dos fatos e das responsabilidades.

A PM, no entanto, afirma, em nota divulgada à imprensa, que foi acionada por telefone por um funcionário da Divisão de Segurança da UFMG sob alegação de que um grupo de seguranças estava sob ameaça. O documento da PM diz ainda que, segundo policiais que participaram da operação, a chegada de policiais gerou protestos por parte dos estudantes que participavam do encontro denominado “A marcha da maconha”. Ainda de acordo com relato dos policiais, objetos foram arremessados contra os militares, que solicitaram reforço. Um estudante foi preso por desacato à autoridade policial. Uma estudante foi atingida por pedra atirada por um grupo de alunos e foi encaminhada ao Hospital João XXIII. A PM informa que abriu apuração interna para verificar as circunstâncias em que ocorreu o incidente e "tomará as providências quanto a possíveis irregularidades".

Protesto contra a repressão

"A questão é: a polícia entrou e se não foi acionada, foi sancionada. Nosso protesto não é sobre drogas e sim contra a ação da polícia e repressão", diz Vieira. Segundo o estudante, a manifestação pede uma audiência pública com o reitorado para eles se retratarem e explicarem a ação da polícia e a instauração de uma comissão paritária para apurar os acontecimentos e os responsáveis. Os estudantes iniciaram a manifestação em frente à reitoria no início da tarde. Por volta das 15h, eles invadiram o saguão do prédio. "A reitoria encontrava-se fechada e com seguranças na porta. Não pudemos entrar, então ocupamos, de forma pacífica, e realizamos uma assembléia", explica Vieira. De acordo com os estudantes, depois da reunião com o reitor e a vice-reitora, haverá uma outra assembléia para avaliar as respostas da reitoria.

domingo, 9 de março de 2008

Colômbia erra ao invadir Equador

O espaço aéreo, maritimo ou terrestre de um país jamais deve ser invadido. Pensando assim a Colômbia jamais tem o direito de invadir outro país, mesmo com o apoio daquele que a esta lei não cumpri, que é o Estados Unidos da América. A justificativa de perseguição as Farc não deve ser valida pois, pensando assim ele, o presidente Alváro Uribe deveria preocupar em primeiro lugar com o seu territorio e só depois usar da diplomacia para resolver o problema na divisa do outro país. Ato como este deve ser rejeitado por toda comunidade. E Chavez agiu para defender está soberania dos países sul-americano.

O ENCONTRO DO EUROPEU COM O AFRICANO

O ENCONTRO DO EUROPEU COM O AFRICANO Trabalho apresentado a Unopar por: LEONARDO CLEBER O homem moderno europeu apesar do...